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Maioria dos métodos de estudar
para provas não funciona, diz estudo
Por BBC Brasil
22 de maio de 2013
Os métodos favoritos de
se preparar para provas escolares não são os que garantem os melhores
resultados para os estudantes, segundo uma pesquisa feita por um grupo de
psicólogos americanos.
Universidades e escolas sugerem aos estudantes uma grande
variedade de formas de ajudá-los a lembrar o conteúdo dos cursos e garantir
boas notas nos exames.
Entre
elas estão tabelas de revisão, canetas marcadoras, releitura de anotações ou
resumos, além do uso de truques mnemônicos ou testar a si mesmo.
Mas segundo o professor John Dunlosky, da Kent State University,
em Ohio, nos Estados Unidos, os professores não sabem o suficiente sobre como a
memória funciona e quais as técnicas são mais efetivas.
Dunlosky e seus colegas avaliaram centenas de pesquisas
científicas que estudaram dez das estratégias de revisão mais populares, e
verificaram que oito delas não funcionam ou mesmo, em alguns casos, atrapalham
o aprendizado.
Por exemplo, muitos estudantes adoram marcar suas anotações com
canetas marcadoras.
Mas a pesquisa coordenada por Dunlosky - publicada pela
Associação de Ciências Psicológicas - descobriu que marcar frases individuais em
amarelo, verde ou rosa fosforescente pode prejudicar a revisão.
"Quando os estudantes estão usando um marcador, eles
comumente se concentram em um conceito por vez e estão menos propensos a
integrar a informação que eles estão lendo em um contexto mais amplo", diz
ele.
"Isso pode comprometer a compreensão sobre o
material", afirma.
Mas ele não sugere o abandono dos marcadores, por reconhecer que
elas são um "cobertor de segurança" para muitos estudantes.
Resumos e mnemônicos
A EFICIÊNCIA DE CADA TÉCNICA
Interrogação
elaborativa - ser
capaz de explicar um ponto ou um fato - MODERADO
Auto-explicação - como um problema foi resolvido -MODERADO
Resumos - escrever resumos de textos - BAIXO
Marcar
ou sublinhar trechos - BAIXO
Mnemônocos - escolher uma palavra para
associar à informação - BAIXO
Criação
de imagens - formar
imagens mentais ao ler ou escutar - BAIXO
Releitura
- BAIXO
Teste
prático -
Auto-teste para checar o conhecimento - principalmente com o auxílio de cartões
de memória - ALTO
Prática
distribuída - espalhar
o estudo em um longo período de tempo - ALTO
Prática
intercalada - alternar
entre diferentes tipos de problemas - MODERADO
Os professores regularmente sugerem ler as anotações e os
ensaios das aulas e fazer resumos.
Mas Dunlosky diz: "Para nossa surpresa, parece que escrever
resumos não ajuda em nada".
"Os estudantes que voltam e releem o texto aprendem tanto
quanto os estudantes que escrevem um resumo enquanto leem", diz.
Outros guias para estudo sugerem o uso de truques mnemônicos,
técnicas para auxiliar a memorização de palavras, fórmulas ou conceitos.
Dunlosky afirma que eles podem funcionar bem para lembrar de
pontos específicos, como "Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá,
Seno A Cosseno B, Seno B Cosseno A", para lembrar a fórmula matemática do
seno da soma de dois ângulos: sen (a + b) = sena.cosb + senb.cosa.
Mas ele adverte que eles não devem ser aplicados para outros
tipos de materiais: "Eles não vão te ajudar a aprender grandes conceitos
de matemática ou física".
Repetição
Então,
o que funciona?
Somente duas das dez técnicas avaliadas se mostraram efetivas -
testar-se a si mesmo e espalhar a revisão em um período de tempo mais longo.
"Estudantes que testam a si mesmos ou tentam recuperar o
material de sua memória vão aprender melhor aquele material no longo
prazo", diz Dunlosky.
"Comece lendo o livro-texto e então faça cartões de estudo
com os principais conceitos e teste a si mesmo. Um século de pesquisas mostra
que a repetição de testes funciona", afirma.
Isso aconteceria porque o estudante fica mais envolvido com o
tema e menos propenso a devaneios da mente.
"Testar a si mesmo quando você tem a resposta certa parece
produzir um rastro de memória mais elaborado conectado com seus conhecimentos
anteriores, então você vai construir (o conhecimento) sobre o que já
sabe", diz o pesquisador.
'Prática distribuída'
Porém a melhor estratégia é uma técnica chamada "prática
distribuída", de planejar antecipadamente e estudar em espaços de tempo
espalhados - evitando, assim, de deixar para estudar de uma vez só na véspera
do teste.
Dunlosky
diz que essa é a estratégia "mais poderosa". "Em qualquer outro
contexto, os estudantes já usam essa técnica. Se você vai fazer um recital de
dança, não vai começar a praticar uma hora antes, mas ainda assim os estudantes
fazem isso para estudar para exames", observa.
"Os estudantes que concentram o estudo podem passar nos
exames, mas não retêm o material", diz.
"Uma boa dose de estudo concentrado após bastante prática
distribuída é o melhor caminho", avalia.
Então, técnicas diferentes funcionam para indivíduos diferentes?
Dunlosky afirma que não - as melhores técnicas funcionam para todos.
E os especialistas acreditam que esse estudo possa ajudar os
professores a ajudar seus alunos a estudar.
Texto
em PDF:
Disponível em < http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/05/130520_estudo_tecnicas_pesquisa_rw.shtml
> Acesso dia 22 e maio de 2013.
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