Ciência
– Mundo Cientifico –
Britânica
relata drama de filho com desordem rara de ‘olhos dançantes’
Por BBC Brasil
22 de janeiro de 2014
Thomas já fez
passou por cirurgia para melhorar a visão
A britânica Nicola Oates não desconfiava que o jeito
desastrado de seu filho, Thomas, quando bebê, fosse sinal de um problema em
seus olhos.
À medida que o pequeno ia
crescendo, a situação ficou mais problemática. Ele tropeçava em qualquer objeto
que estivesse no chão ecomeçou a ficar atrasado
em relação às outras crianças na escola.
Thomas também desenvolveu o
hábito de virar a cabeça para a direita, apontando o queixo para baixo,
quando tentava olhar para algo.
"Aquilo era muito
estranho", afirmou Nicola, que mora com o filho na região de Midlands, área central da Inglaterra.
"Quando ele estava andando, acabava trombando com
paredes, cadeiras, pessoas... tudo", acrescentou.
Nicola explica que virar a cabeça e outros comportamentos
estranhos eram as formas que Thomas encontrou de "parar a oscilação dos
olhos", um sintoma de uma desordem incurável que causa o movimento dos
olhos chamada nistagmo.
Chamada de doença dos "olhos
dançantes" devido aos movimentos incontroláveis nos olhos, o nistagmo
também é responsável pelo surgimento de muitos problemas de visão com o passar do tempo.
Visão estroboscópica
Jay Self, pediatra oftalmológico no Hospital Geral de
Southampton e palestrante em oftalmologia genética na Universidade de
Southampton, afirma que é muito importante descobrir mais sobre a doença, que
afeta uma em cada mil pessoas na Grã-Bretanha.
"Pode afetar a vida toda de uma pessoa, que pode ser
de 80 a 90 anos, a vida no trabalho, família e gerações futuras", disse.
O médico descreve o nistagmo como
uma visão estroboscópica, o quefaz com que as
crianças tenham dificuldade em ver objetos em movimento e sejam lentas no
reconhecimento de rostos.
Segundo John Sanders, do grupo de apoio britânico
especializado neste problema, o Nystagmus Network UK, poucos adultos com a
desordem podem dirigir e a maioria tem dificuldades na vida cotidiana, educação
e também para conseguir emprego.
As pessoas afetadas pelo nistagmo
também têm problemas em situações normais da vida social, pois elas não
conseguem ver os sinais que podem ser percebidos nos rostos de outras pessoas.
No entanto, estas dificuldades nem sempre são detectadas
em exames de olhos tradicionais e a verdadeira extensão dos problemas de visão
nunca é totalmente investigada.
O caso de Thomas é um destes
exemplos: ele não é classificado como portador de deficiência visual pois ele
consegue ler a tabela paraexames oftalmológicos.
Thomas vira a cabeça para conseguir enxergar melhor
Apesar disso, o menino que agora tem oito anos, precisa
de ajuda de luzes especiais e lentes para ajudá-lo na leitura, e ele também
precisa de um corrimão para conseguir se movimentar dentro de casa.
Quando Thomas está em casa ele usa óculos com lentes
azuis para proteger os olhos e por volta das sete da noite, já está exausto
devido ao esforço que fez durante todo o dia para conseguir enxergar direito.
"É muito difícil para ele. Ele não consegue avaliar
a distancia das coisas. Mesmo quando me abraça, ele precisa ficar nos meus pés
para descobrir onde estou", afirmou Nicola.
Pesquisa e tratamento
No novo centro de pesquisa para crianças com problemas de
visão, Jay Self já começou a analisar centenas de genes para descobrir sobre as
causas do nistagmo.
O problema aparece logo depois do nascimento.
O cientista quer desenvolver um teste genético simples
para crianças com o problema, que permitirá um diagnóstico rápido e preciso.
Self também quer usar medidas visuais do mundo real ao
invés dos testes e tabelas tradicionais para avaliar os problemas de visão
causados pela doença.
E tudo isto vai significar que as crianças com nistagmo
poderão receber tratamentos específicos e sob medida.
Mas, mesmo ainda sem os tratamentos específicos, Self
afirma que há algumas medidas simples que podem ajudar estudantes com nistagmo.
Entre elas está conseguir o apoio de um professor que
tenha conhecimentos sobre problemas de visão e colocar a criança sentada no
lado da sala que mais favoreça seu campo de visão.
No caso de Thomas, a falta destes tratamentos e formas
específicas de diagnóstico, atrasaram os procedimentos.
Os movimentos nos olhos do menino foram notados por um
familiar quando ele tinha cerca de oito meses. Mas ele só foi encaminhado para
um centro de tratamento especializado quando completou cinco anos de idade.
Thomas passou por uma operação para melhorar a visão e
provavelmente passará por outra em 2014.
Nicola notou melhora, mas o filho ainda vira a cabeça
para ver onde está andando.
"Não sei o quanto a visão dele está ruim, pois para
ele é normal, nasceu com isso e não sabe a diferença", disse.
Mas ela decidiu levantar mais questões a respeito da
doença e defender o filho.
"Por que ele precisa passar por dificuldades? Ele
merece mais..."
Texto em PDF:
Disponível em <
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/01/140120_problema_olhos_nistagmo_fn.shtml
> Acesso dia 23 de janeiro de 2014.
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