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Brasil terá aumento
de 38% em novos casos de câncer até 2020, dizem especialistas
Por BBC Brasil
26 de abril de 2013
Os novos casos de câncer
devem aumentar 38,1% no Brasil ao longo desta década, passando de 366 mil casos
diagnosticados em 2009 para mais de 500 mil novos casos em 2020, segundo um
artigo assinado por mais de 70 especialistas na revista especializada Lancet
Oncology.
O
artigo adverte que a América Latina corre o risco de enfrentar um aumento
substancial no número de mortes por câncer se não houver uma melhoria no
diagnóstico precoce da doença e no acesso a tratamentos pelas populações mais
pobres.
Segundo o relatório, há 163 casos de câncer para cada 100 mil pessoas na
América Latina, número inferior aos 264 casos por 100 mil habitantes
registrados na União Europeia ou os 300 por 100 mil dos Estados Unidos.
Apesar disso, a mortalidade na América Latina é muito mais alta, com 13
mortes para cada 22 casos. Nos Estados Unidos, são 13 mortes para cada 37
casos, enquanto na União Europeia são 13 mortes para cada 30 casos.
Segundo os especialistas, o diagnóstico tardio e problemas no acesso a
tratamento são as principais causas para a disparidade dos números.
Com o aumento da expectativa de vida na região, além do aumento do poder
aquisitivo e da adoção de hábitos verificados em países desenvolvidos, o
problema tende a se acentuar, advertem os autores do artigo.
Eles calculam um aumento de 35% na detecção de novos casos de câncer na
América Latina e no Caribe entre 2009 e 2020. No Brasil, esse percentual seria
de 38,1%.
Apesar de ser similar ao aumento esperado para outros países em
desenvolvimento, como China (34,6%) e Índia (33,8%), a proporção é bastante
superior à esperada nos Estados Unidos (26,2%), na Grã-Bretanha (15,5%) ou no
Japão (15,4%).
Comportamentos de risco
O relatório dos especialistas adverte que os latino-americanos estão
adotando cada vez mais comportamentos considerados de risco em relação ao câncer,
incluindo vidas mais sedentárias, alimentação menos saudável e consumo maior de
cigarros e de álcool.
A exposição das pessoas ao sol sem proteção e a poluição interna gerada
pela queima de combustíveis sólidos também são apontados como fatores que devem
contribuir para o aumento no número de casos de câncer na região na próxima
década.
Os especialistas estimam que até 2030 haverá 1,7 milhões de casos de
câncer diagnosticados por ano na América Latina e no Caribe, com mais de 1
milhão de mortes anuais.
"A adoção mais generalizada de estilos de vida semelhantes aos dos
países desenvolvidos levará ao rápido crescimento no número de pacientes com
câncer, com um peso para o orçamento para o qual os países latino-americanos
não estão preparados", afirma o coordenador da pesquisa, Paul Goss,
professor de medicina da Escola Médica de Harvard, em Boston.
"Esse problema crescente do câncer ameaça causar sofrimento
generalizado e se tornar um peso econômico para os países da América
Latina", diz.
Segundo ele, "a região está mal preparada para lidar com o aumento
crescente na incidência de câncer e as taxas de mortalidade
desproporcionalmente altas em comparação com outras regiões do mundo,
enfatizando a magnitude do problema do controle do câncer".
Custos
O relatório estima que o custo total com câncer em todos os países da
América Latina chegou a US$ 4,5 bilhões em 2009 (cerca de um terço disso
somente no Brasil), comparado com US$ 142,8 bilhões nos Estado Unidos, US$ 11,3
bilhões na Grã-Bretanha, US$ 30,8 bilhões no Japão, US$ 5,8 bilhões na China e
US$ 656 milhões na Índia.
Quando considerado o tamanho da população, o custo médio por paciente na
América do Sul foi calculado em US$ 7,92 (no Brasil, US$ 8,04). Nos Estados
Unidos, os gastos por paciente foram de US$ 460,17, na Grã-Bretanha, de US$
182,73 e no Japão, de US$ 243,7.
A disparidade diminui quando esses gastos por paciente são analisados em
relação ao PIB per capita de cada país, mas ainda assim os custos por paciente
como porcentagem do PIB per capita, de 0,12% na América do Sul (0,11% no
Brasil) ficam bem abaixo das proporções nos Estados Unidos (1,02%), no Japão
(0,60%) e na Grã-Bretanha (0,51%).
Texto PDF:
Disponível em < http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/04/130426_lancet_relatoiro_cancer_america_latina_rw.shtml
> Acesso dia 26 de abril de 2013.
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