Ciência
– Mundo Cientifico –
Barata-robô' é usada para ensinar neurociência
Por BBC Brasil
12 de junho de 2013
Um projeto lançado para
criar "baratas ciborgues", controladas por celular, será lançado esta
semana em uma conferência de tecnologia, entretenimento e design na cidade de
Edimburgo, na Escócia.
Um dos
lançamentos mais aguardados do evento TEDGlobal, especializado em novas
tecnologias, é a chamada barata-robô, ou "RoboRoach" (em referência a
cockroach, barata em inglês) - uma invenção do neurocientista Greg Gage.
Sua
finalidade é didática, estimulando estudantes a se interessar por neurociência,
mas, mesmo assim, o projeto vem sendo alvo de críticas.
Como funciona
Para
ser "adaptada", a barata viva recebe uma espécie de mochila, com
ligações diretas para os neurônios de suas antenas, que enviam informações para
o cérebro por meio de impulsos elétricos.
Segundo
Gage, o inseto é submetido então a uma pequena cirurgia com anestesia para
conectar os fios às antenas. Os movimentos dos insetos são então controlados
por meio de dispositivos como telefones celulares.
"Não
é apenas um truque. Usamos a mesma técnica empregada para tratar o mal de Parkinson e os
implantes cocleares (auditivos)", explica Gage, que irá demonstrar o que a
barata pode fazer.
Para que serve
"O
objetivo é criar uma ferramenta para aprender como o cérebro funciona",
diz o especialista. Sua empresa, a Backyard Brains, é formada por engenheiros e
cientistas que querem mudar a forma como se ensina a disciplina da
neurociência.
O o kit
de materiais desenvolvidos por eles - que incluem as mochilas removíveis,
baterias, eletrodos e baratas - destinam-se principalmente a escolas do ensino
médio.
De
acordo com Gage, as baratas-robôs foram pensadas para ajudar os professores a
ensinar como funciona o cérebro do inseto, com a ajuda da tecnologia.
"É
um jeito de entender as propriedades dos neurônios e de aplicar o pensamento
crítico à maneira como eles trabalham", diz ele. Segundo o site da
empresa, o kit permite que todos se transformem em neurocientistas.
"Fornecemos
material para experimentos de neurociência a preços razoáveis, para que
estudantes de todas as idades aprendam sobre eletrofísica", diz o site da
empresa.
De
acordo com os especialistas, grupos de jovens vêm fazendo descobertas
interessantes com o inseto ciborgue. Estudantes de Nova York, por exemplo,
descobriram que a taxa de resposta a estímulos ou a uma adaptação das baratas,
pode ser retardada se ativado de forma aleatória.
"Uma
em cada cinco pessoas irá desenvolver uma desordem neurológica na vida, e em
muitos casos ainda não há cura. É importante fazer com que as crianças se
interessem por neurociência."
A
empresa espera captar fundos de até US$ 10 mil para desenvolver um hardware nos
EUA.
Críticas
Gage
afirmou que o lado ético de se trabalhar dessa maneira foi muito debatido, em
relação ao tratamento dado às baratas.
"Estamos
muito confiantes de que o experimento não provoca dor no inseto e de que as
baratas continuam a controlar suas vontades, porque se adaptam muito
rapidamente e ignoram o estímulo", diz Gage.
No
entanto, a Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais no Reino
Unido (RSPCA por sua sigla em Inglês), expressou preocupação. "Acreditamos
não ser apropriado incentivar crianças desmantelar e desconstruir
insetos", disse um porta-voz.
"O
fato de um neurocientista estar ‘muito seguro’ de que não está provocando dor
não é suficiente. Há muitos estudos fascinantes envolvendo insetos que podem
ajudar as crianças a aprender e que não envolvem danos deliberados aos
animais", acrescentou.
Texto
em PDF:
Disponível em < http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/06/130604_baratas_robos_mdb.shtml
> Acesso dia 12 de junho de 2013.
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