Ciência
– Mundo Cientifico –
Agnesi referência na matemática
Por USP
16 de maio de 2014
Maria Gaetana Agnesi (1718 – 1799)
Nasceu em Milão em 1718,
provinda de uma família rica e culta. Seu pai, Pietro Agnesi, teve vinte e três
filhos com suas três esposas, sendo Maria a primogênita. Pietro tinha condições de oferecer a Maria os
melhores tutores para que ela pudesse ter uma educação privilegiada. Dessa
maneira, proporciono-lhe uma educação privada primorosa, que lhe possibilitou
adquirir conhecimentos profundos em várias áreas, o que não era hábito das
damas desse século.
Aos
nove anos de idade, publicou um discurso em latim que defendia um ensino de
alta qualidade para as mulheres. Ao contrário do que muitos pensaram, Maria não
havia escrito o discurso, mas fizera a tradução para o latim a partir do
original escrito por um de seus tutores. Entretanto, Maria fez o discurso em público,
sem recorrer à leitura, para uma audiência acadêmica, organizada por seu pai.
Aos
13 anos, além do italiano e do latim, sabia cinco outras línguas: grego,
hebreu, francês, espanhol e alemão e, por isso, a chamavam de: O Oráculo das Sete Línguas. Quando tinha 15 anos, o pai a introduziu num
círculo de intelectuais, onde todos se admiravam com a sua genialidade na área
da Matemática, da Física e da Filosofia.
Em
1738, publicou uma série de estudos
filosóficos chamado Propositiones
Philosophicae . Essa obra
continha 191 teses que Maria defendera publicamente na presença de importantes
convidados nacionais e internacionais. Seu pai os convidava e ela, apesar de não apreciar muito falar
em público, obedecia. Certo dia, Maria confessou ao pai seu desejo de
tornar-se freira, mas ele, desejoso da companhia da filha, implorou-lhe que
mudasse de idéia. Maria aceitou apenas sob três condições: ir à Igreja sempre
que quisesse, vestir-se de maneira simples e humilde e não precisar freqüentar
festas, teatros e outras diversões que considerava profanas.
A
partir daí, concentrou seus esforços para estudar Religião e Matemática. Maria
tinha que aprender
Matemática praticamente sozinha - um
feito reservado a pouquíssImas pessoas - mas teve a sorte de Ramiro Rampinelli, professor de matemática da Universidade de Roma e Bolonha, chegar em Milão e se tornar um
assíduo freqüentador de sua casa. Foi ele quem a ajudou a estudar os textos de
Cálculo do matemáticoReyneau.
Através
de Rampinelli, Agnesi entrou em contato
com o matemático Riccati, que foi de vital
importância na revisão da obra que lhe daria grande reconhecimento. Esse
trabalho foi publicado em 1748, numa obra em dois volumes, intitulada Istituzioni
Analitiche ad uso della Gioventù Italiana com temas de Álgebra, Geometria e Cálculo Infinitesimal. O aparecimento desse
livro causou grande sensação ser uma publicação feita por uma senhora e
desenvolvida com maestria, envolvendo questões matemáticas consideradas
profundas e difíceis.
Tamanho
foi o sucesso dessa obra que a Academia de Ciências de Paris publicou um
relatório onde dizia: "...Muita
habilidade, como a autora demonstrou ter, foi necessária para reduzir e quase
uniformizar os métodos que estas descobertas geraram ao longo dos trabalhos de
matemáticos modernos, freqüentemente muito diferentes entre si. Ordem, clareza
e precisão reinam em todas as partes deste trabalho... Nós o consideramos como
o mais completo e melhor tratado já feito."
A
primeira seção de Istituzioni
Analitiche trata da análise
de quantidades finitas, dos problemas elementares de máximo e mínimo, tangentes
e dos pontos de inflexão. A segunda seção discute a análise de quantidades
infinitamente pequenas. A terceira seção é sobre o Cálculo Integral e apresenta
uma discussão geral do estado do conhecimento. A última seção trata do método
inverso das tangentes e dasequações diferenciais. No volume 2 é
apresentada uma extensa discussão sobre a curva cúbica, conhecida como Curva de
Agnesi.
A
contribuição matemática
mais importante de Agnesi foi a
primeira tradução francesa dos Principia de Newton, publicada postumamente em 1756, com um
prefácio de Voltaire e sob a direção de Clairaut.
Por
volta de 1750, Agnesi foi convidada para ocupar a cadeira de Matemática na
Universidade de Bolonha, mas sua vida, em seguida, tomaria um rumo
completamente diferente. Com a
morte do pai, movida pelos seus
sentimentos religiosos, deixou a docência e recolheu-se em um convento para se
dedicar aos que sofriam de doenças graves. Quando a instituição Pio Istituto Trivulzo foi aberta, Maria ficou encarregada de
sua direção. Esse Instituto era uma casa para doentes e enfermos, aos quais ela
se dedicou inteiramente, doando toda a sua fortuna e trabalhando ali até a sua
morte.
Maria
era uma pessoa delicada e muito tímida. Nunca teve ambição de se tornar uma
matemática famosa a despeito de seu gênio brilhante. Alguns dizem que ela
apenas se interessou por matemática para agradar ao pai.
Não
obstante, a sua inteligência e o seu talento tornaram possível integrar todo o
conhecimento de mais
alto nível sobre Cálculo da
época de uma maneira muito clara. Maria Agnesi é reconhecida como a primeira
mulher matemática a ter produzido textos de alta qualidade científica.
Morreu
em janeiro de 1799, com 81 anos
de idade, no seu hospital.
Disponível em < http://ecalculo.if.usp.br/historia/agnesi.htm
> Acesso dia 16 de maio de 2014.
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