Ciência
– Mundo Cientifico –
Futebol é o esporte
olímpico que mais machuca, indicam especialistas
Por Fantástico
19 de maio de 2014
Jogadores chegam a mudar de atividade física mais
de 1.100 vezes na partida. Cada posição exige um desempenho e corpo bem específicos.
Nas peladas
de várzea Brasil afora não existe dúvida: quem suporta um jogo ali não teria
dificuldade com os profissionais.
“A gente
joga na várzea 80, 85 minutos. Eu acho que eu aguentaria jogar os 90”, diz
Rafael Abreu Rodrigues.
Isso só
parece fazer sentido por conta daquela velha crença: jogador de futebol não é
atleta. Pois esse é um dos mitos que os números estão demolindo. Com auxílio da
tecnologia, pesquisadores descobriram que a demanda física de uma partida é
muito maior do que se imaginava.
Hoje, empresas
especialistas em coletas de dados instalam um sistema de câmeras nos estádios.
Elas detectam e mapeiam cada um dos 22 jogadores em campo. É possível saber por
quais áreas se movimentam, as velocidades que alcançam e também a distância
total que percorrem.
“O futebol
está ficando muito mais atlético, e os números conseguem mostrar quais
capacidades um jogador precisa ter”, conta o diretor da Opta Sports, Simon
Farrant.
As
estatísticas revelam que um jogador pega muito pouco na bola. Dos 90 minutos, fica
com ela nos pés por, no máximo, um minuto e meio. O resto é movimentação,
correria. Os titulares cruzam entre 9 e 12 km em um jogo. Precisam, por isso,
ter fôlego, mas nem é esse o dado que mais impressiona. O problema está em como
o atleta cumpre essa distância.
Eles não
correm de forma linear, como um maratonista. Um jogador chega a mudar de
atividade física mais de 1.100 vezes na partida, intercalando diversos tipos de
movimentos. A dificuldade vem justamente dessa alternância constante de ações.
“Esse é o
grande segredo do futebol. A gente sabe que a adaptação da força e da
velocidade ela concorre com a adaptação da resistência. Como deixar um sujeito
resistente e ao mesmo tempo rápido? É isso que nós estudamos cada vez mais”,
afirma o especialista em treinamento esportivo Irineu Loturco.
O primeiro
passo é olhar para os atletas individualmente. As estatísticas derrubaram
aquele mito de que jogador é tudo igual. Cada posição exige um desempenho e um
corpo bem específicos.
Os goleiros
são geralmente os mais altos do elencos, e estão entre os que mais precisam
saltar. Ainda na defesa temos os zagueiros, os mais musculosos entre os
jogadores de linha, porque precisam de força para suportar os choques do jogo.
O perfil
muda bastante na região do meio-campo. Laterais, volantes e meias são os que
possuem o melhor condicionamento cardiorrespiratório do time. E os que tem o
menor percentual de gordura, porque se deslocam mais nas partida.
Já os
atacantes são os que mais caminham em campo. É nessa posição que os atletas
mais pesados, às vezes fora de forma mesmo, conseguem se adaptar. O importante
ali é dar piques rápidos, muito rápidos. Eles alcançam os 32 km/h em espaços de
apenas 20 metros. Um carro popular precisa do dobro dessa distância para
atingir a mesma velocidade.
O que não
muda entre jogadores de diferentes posições é a necessidade de treinar. E não
apenas porque o futebol é desgastante, mas também para tentar evitar lesões. Os
números provam que jogar bola machuca muito.
Um bom
parâmetro é pensarmos nos Jogos Olímpicos. A cada quatro anos assistimos a um
desfile de modalidades que parecem castigar o corpo. Pois bem: qual dos
esportes olímpicos você acredita que mais machuca? Pois prepare-se: o futebol
aparece no topo dessa lista. As estatísticas de lesões mostram que mais de 30%
dos jogadores sofrem algum tipo de contusão durante as Olimpíadas.
“Existe uma
associação muito grande entre números de horas jogadas e lesão. Dificilmente em
outro esporte se joga tanto, se compete tanto quanto no futebol”, diz Irineu.
Fica então
a lembrança para a turma da várzea. Os profissionais não tem vida fácil. Nada é
o que parece no nosso estatística futebol clube.
Texto em
PDF:
Disponível
em < http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/05/futebol-e-o-esporte-olimpico-que-mais-machuca-indicam-especialistas.html
> Acesso dia 20 de maio de 2014.
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